numa terra de pedra não sei onde, era um cenário exaustivamente granitíco mas luminoso, um deserto cinzento, sólido, denso. mil formas de rochas, chão de calçada, altar embasado e ao centro um tanque pleno com gravilhas. há um cheiro, ou um som, ou um instinto de mar próximo. a amplitude do olhar varre o chão até à altura de um corpo. o plano é picado. nunca se vê efectivamente o céu mas há uma certeza que é também cinzento. denso. claro. quase, quase branco. ele é feito de desenho riscado mas está seguro, confiante, e feliz. no altar, no tanque, que é uma espécie de bancada quadrangular, ele vai dobrando jornais em formas específicas. sem propriamente uma razão fá-lo porque genuinamente lhe apetece. sentem-se presenças mas não está lá ninguém. mas de certeza que está só não se sabe. a rapariga aparece e a ganga na roupa soa familiar, sugere uma textura pétrea que a aproxima deste lugar, poderia muito bem fazer parte dele mas não se sente a falta da sua presença. o diálogo é doce, seguro. e embora não se sinta a falta da sua presença, o desejo da sua pertença funda aquele chão de uma forma atraente e gentil. e se ela se for embora há-de marcar um trilho específico com passadas amarelas. e ele repetirá essa memória todos os dias até morrer cobarde. porque reconhece-se feliz e confia na felicidade dela também. a erosão parece não matar mas também não nos torna mais fortes. amacia. apaga. destrói.
Monday, April 09, 2012
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